No olho do furacão

Eu moro no Brasil. Rio de Janeiro pra ser mais exata. Eu nunca vi ou estive num furacão real. O máximo de manifestação climática que encontramos aqui são chuvas torrenciais e tempestade de raios. Mas ultimamente eu tenho sido sugada ao centro de um turbilhão.
Eu não sei como essa formação intensa surge na minha vida e faz questão de destruir o que estiver ao seu alcance. Em um momento o céu está calmo, e do nada uma rajada de vento forte, tudo se torna cinza e um cone de desordem e conflito se forma bem em minha frente.
Antes eu não sabia como agir em momentos como esses. Atrapalhava-me, pedia clemência aos céus e esperava parar de girar descontroladamente no ar e tocar o chão em calmaria de novo.
Hoje eu sei o que fazer. Consegui montar o meu “manual de sobrevivência contra furacões”.
Em situações de risco como esta eu simplesmente fujo! Fujo pela minha vida e pela minha sanidade! Não tem por que ficar pra ver a destruição depois do acontecido, ou tentar acabar com o danado com as próprias mãos. O mais certo é correr pra longe dele e deixar que sua natureza destruidora leve tudo que tem que levar – casas, vacas, celeiros e tratores (quem viu Twister sabe do que eu estou falando – o filme não o jogo).
Alguns caçadores de aventura se sentem à vontade com o fato de ver e fazer parte do furacão. Eu não. Sinto-me feliz em estar longe dele. É o correto. É o seguro. Certas coisas não devem ser enfrentadas, portanto pra que se machucar? Não por ser assustador, mas por simplesmente não fazer sentido. “Encarar” algo não vai fazer de mim uma pessoa melhor; vai fazer de mim uma pessoa idiota que se arrisca com ações estúpidas e sem fundamento.
Sendo assim, ao ver o boletim do tempo e notar um tornado se formando nas redondezas saibam que eu não estarei presente pra ver o resultado disso.
Deixa o tempo se encarregar de levar ele embora e que nunca mais se forme em minha mente de vasta extensão territorial...