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Nordestina Desvairada

Nordestina Desvairada

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

MARCOu

Tudo começou num acesso ao Orkut. Vi uma solicitação de amigo que nunca imaginaria ver antes... Quem seria aquele ser que se lembrava de mim, mas não se encontrava preso as minhas lembranças juvenis?
Decidi aceitar...
Do Orkut para o MSN foi um pulo. O contato se tornou diário. As dúvidas foram esclarecidas e as lembranças foram voltando a essa caixola confusa aos poucos... Por mais que ele ache que eu ainda não me lembro.
Meses passaram. Até cartas foram enviadas (uma de muitas que estão por vir).
A vontade de trazer esse contato à outros parâmetros de proximidade cresceu a tal ponto que acabei comprando uma passagem de volta as origens usando como desculpa umas merecidas férias e reencontro com os fantasmas do meu passado.
Tudo pronto. Viagem marcada. Estadia arranjada. Dia de partir.
Dia 20 de Janeiro de 2010. O céu estava lindo... Céu de brigadeiro como os aviadores falam nas rodas de amigos.
Lá estavam eles, felizes, radiantes e ansiosos! Eu me comportava como uma criança que revia a mãe após passar o primeiro dia de aula do Jardim I. Chorava (ação que se tornou praxe na viagem) em meio a abraços e pensamentos de “meu Deus, eu voltei à Recife”!
Logo de cara percebi que os medos e preocupações que companheiras da minha vida tentaram implantar na minha cabeça eram em vão... Tudo daria certo. Eu sentia isso em cada poro do meu corpo.
Os dias foram passando e a união aumentando. Confusões e suposições rodeavam a nossa denominação. Cheguei ao estágio de ser apresentada como irmã, privilégio ter sido alcançado por raros. Explicar nossa amizade era estranho e constrangedor, devido aos fatos que marcavam seu inicio.
Nossos dias foram repletos de momentos que perdurariam por décadas. Seja uma dancinha em comemoração ao bom almoço, seja um comentário à ausência de movimento intestinal, as lembranças de uma época áurea na vida de ambos, as anedotas da família, a impaciência ao ver algo no computador, a flatulência constante (q não era minha), os apertões, as aulas de forró e arroxa, as incessantes fotos tiradas no decorrer dos dias registrando com riqueza de detalhes nossos passos, as confissões feitas durante a madrugada guardando nossos segredos mais profundos e emocionantes.
Guardo com mais carinho a noite anterior a minha saída... A noite que consolidou o companheirismo e a verdade inconveniente que permeia nossas vidas agora unidas.
Dormi sem vontade, acordei sem alegria, comi sem fome, pois sabia que seriam as últimas ações em terras nordestinas por um longo período de tempo. Magoava-me ao lembrar que estaria levantando acampamento e deixando tanta coisa boa pra trás.
Minha compreensão mudou ao longo dos 20 dias... Amadureci como pessoa, apesar de estar tomada por atitudes infantis. Cada abraço tinha um cheiro diferente, um toque saudoso, apertado, repleto de sentimentos que fariam falta por qualquer espaço de tempo que se faça até o dia do regresso.
Chorei inúmeras vezes...
Senti meus olhos marejados por dezenas de vezes. Parei-me relembrando em tudo que havia vivenciado e não conseguia conter a emoção que me tomava à alma. Vi a falta de jeito daquele que deixei ao presenciar cada momento de choro que causei nessa longa e dolorosa despedida.
As brincadeiras no saguão do aeroporto tentam amenizar a derradeira verdade. São risos mascarando a dor.
Ao me deparar com a hora da separação, não contenho mais uma onda de choro e me esvaio em lágrimas salgadas e constantes. O soluço invade minha respiração e tudo passa a ser final. O último abraço, o último beijo, o último aperto, a última declaração de amor...
Entro na área dos passageiros com a tristeza estampada na face, alma e coração. Em um súbito olhar me deparo com um singelo gesto no ar onde dois amores da minha vida desenham um coração e declaram seu amor por mim. Era isso que eu precisava para passar minhas 3h de viagem relembrando de tudo que havia passado e de tudo que não iria mais passar com eles.
A dor tomou proporções físicas... Meu corpo reagiu de maneira psicossomática tudo que estava presenciando.
Cheguei ao Rio com o coração pesado. Lembrei que mataria saudades de outros amigos agora. Tentei buscar um conforto nisso, mas não consegui.
Hoje consigo lidar melhor com a ausência, mas ainda assim me deparo com o olhar distante encarando o vazio e com a cabeça cheia de pensamentos. Pensamentos que nunca se calam. Que nunca vão calar.
Aguardo ansiosa pelo próximo contato, agora de maneira virtual, mas rezando pra que o toque venha o mais breve possível.
É escrevendo que tentarei suprir minha vontade de falar e sentir... Enquanto novas férias dos sonhos não chegam para acalentar minha vida e meu coração repleto de amor e amigos.

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